Biomedical Blog
Biomédico, cientista e pesquisador. Blog destinado ao compartilhamento da ciência de forma dinâmina e com seriedade.
domingo, 27 de janeiro de 2019
sábado, 26 de janeiro de 2019
Lesão de Isquemia-Reperfusão
A isquemia é uma importante causa de lesão celular e tecidual bem comum na pratica clínica, sendo reponsável por desencadear variadas alterações bioquímicas no ambiente celular. Quando o suprimento de oxigênio é reduzido nas células, a geração de ATP é prejudicada devido a perca da fosforilação oxidativa. A depleção de ATP resulta em falha em diversos processos celulares importantes, como a bomba de prótons (Na/K - ATPase), que resulta em perda de potássio, influxo de sódio e água e tumefação celular. Também ocorre influxo de cálcio com todos os seus efeitos deletérios. Na tentativa de manutenção das atividades celulares, há aumento na uma taxa de glicólise anaeróbica, através do metabolismo da glicose derivada do glicogênio, resultando em acidez decorrente do acúmulo de lactato com ativação de algumas proteases, ocorre também redução da síntese proteica. Se a isquemia persistir as células são lesadas de modo irreversível sofrem necrose.
Quando o fluxo sanguíneo é restabelecido em um tecido isquêmico, onde as células foram lesadas de modo reversível, os danos podem ser reparados e as células tem a sua homeostase restaurada. Porém, em algumas circustâncias, a reversão da isquemia pode resultar em aumento dos efeitos deletérios: necrose progressiva de células, além daquelas irreversivelmente lesadas, esse processo é definido como lesão de isquemia-reperfusão.
Os mecanismos envolvidos na lesão de isquemia-reperfusão estão associados a produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogenio por células endoteliais, parênquima do tecido e leucócitos infiltrantes, influxo de cálcio com ativação de enzimas, bem como reação inflamtória adicional associada ao sistema complemtento e citocinas.
- Formação de espécies reativas de oxigênio ocorre devido a redução incopleta do oxigênio em mitocôndrias lesadas, ação de oxidases derivadas de células endoteliais, leucócitos ou parênquima tecidual. Os componentes antioxidantes podem estarexauridos devido ao acúmulo de radicais livres.
- Após a reperfusão há um maciço influxo de cálcio para dentro da célula, provavelmente por alteração da permeabilidade de membrana. O cálcio atua como segundo mensageiro ativando uma série de enzimas - proteases, endonucleases e fosfolipases - ampliando a cadeia de danos.
- Citocinas pró-inflamatórias e moléculas de adesão são produzidas pelas células parênquimatosas e endoteliais hipóxicas, neutrófilos são recrutatos para o tecido reperfundido e ligam-se as células endoteliais intensificando a destruição destas células e do tecido através de vários mecanismos citotóxicos.
- Por razões ainda não muito bem estabelecidas anticorpos da classe IgM tendem a se fixar em tecidos isquemicos e quando o fluxo sanguíneo é reiniciado, as proteínas do complemento ligam-se aos anticorpos depositados, são ativadas e acentuam a inflamação e a lesão celular
Tendo em vista os riscos inerentes a reperfusão tecidual em viturde da possibilidade de exarcebação dos danos é imprecindível o conhecimento a cerca do tema e de terapias que possam minimizar a cadeia de danos além de estrita avaliação de cada caso na prática clínica para mensurar os benefícios ou não da reperfusão tecidual, sobretudo, em casos de infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular encefálico (AVE).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO, N. (ed.) Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Evora R.P.B; Pearson P.J.; Seccombe J.F. & Schaff H.V. 1996. Atualização: Lesão de isquemia e
reperfusão. Aspectos fisiopatológicos e a importância da função endotelial. Arqs Bras.
Cardiol. 4(66):239-245.
domingo, 29 de abril de 2018
ACÚMULO DE RADICAIS LIVRES DERIVADOS DO OXIGÊNIO - ERO (ESTRESSE OXIDATIVO)
A lesão celular induzida por radicais livres, sobretudo, as espécies reativas de oxigênio, é uma importante mecanismo de dano celular em diversas condições patológicas. Esses compostos são assim reconhecidos por possuirem um único elétron na sua camada de valência o que os torna extremamente instáveis permitindo reagir com moléculas adjacentes, como substâncias orgânicas que possuem papel fundamental na função celular - proteínas, lipídios, carboidratos, ácidos nucleicos - tornado estas também instáveis, desencadeando uma reação autocatalítica (figura 1), através da qual moléculas que reagem com eles são convertidas em radicais livres, propagando a cadeia de danos.
Figura 1 - reação autocatalítica desencadeada pelos radicais livres
As espécies reativas de oxigênio (figura 2) são formados fisiológicamente como produto da respiração celular incompleta (fosforilação oxidativa), mas também são gerados apartir da absorção de energia radiante (radiação ionizante), são produzidos por leucócitos dutante processos de inflamação, são também originados por metais de transição em reações intracelulares. Após a sua produção os radicais livres são rapidamente degradados e removidos graças aos sistemas celulares protetores (figura 3).
Figura 2 - Espécies reativas de oxigênio - radicais livres
O mecanismo pelo qual as células removem os radicais livres são conhecidos como antioxidantes, formados por múltiplos mecanismos enzimáticos que atuam de varias formas para eliminar os esses radicais e assim mimetizar a lesão. Atuam nesse complexo 3 enzimas principais, a SOD superóxido desmutase (enzima presente na mitocoôndria e no citosol) que usa o Manganês, Cobre e Zinco como co-fatores, Catalase presente nos peroxissomos e a glutationa peroxidase e resutase que usa o selênio como co-fator enzimático e, dependem da vitamina B2 e da cisteína para o seu bom funcionamento. Também estão incluidas no mecanismo antioxidante outras substâncias como vitaminas lipossolúveis A e E, bem como o ácido ascórbico.
Figura 3 - Enzimas envolvidas na remoção de ERO
Quando a produção de ERO aumenta ou os sistemas de remoção são ineficientes o resultado é o acúmulo destes radicais que resultam em estresse oxidativo, uma condição que desencadeia amplos efeitos nocivos às células e sempre está acompanhada de reação inflamatória. Os efeitos patológicos incluem.
- PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA DAS MEMBRANA. Os radicais livres causam peroxidação dos lipídios na presença de oxigênio, atuam atacando as ligações duplas dos ácidos graxos dos lipídios de membrana gerando peróxidos instáveis que desencadeiam uma reação em cadeia propagando o dano.
- MODIFICAÇÃO OXIDATIVA DE PROTEÍNAS. Promovem oxidação das cadeias laterais dos aminoácios, formação de ligações cruzadas entre proteínas e oxidação do esqueleto da proteínas. A modificação pode inativar enzimas importantes, romper a conformação de proteínas estruturais estimulando ou intensificando a destruição celular.
- FRAGMENTAÇÃO DO DNA. Radicais livres provocam destruição dos filamentos únicos e duplos do DNA e a formação de complexos de adição que estão associados ao envelhecimento celular e a tranformação maligna da célula.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO,
N. (ed.) Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8ª ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2010.
sábado, 28 de abril de 2018
Mecanismos da Lesão celular
Todos os estresses e influências nocivas induzem alterações moleculares e bioquímicas nas células que resultam em lesão. A resposta celular ao estímulo nocivo depende de fatores como, o tipo de lesão, sua duração e sua gravidade, enquanto que as consequências dependem substancialmente do tipo, estado e adaptabilidade da célula lesada. A lesão é resultante de diferentes mecanismos bioquímicos (FIGURA 1) que agem em vários componentes essenciais das células e, qualquer estímulo nocivo pode, simultaneamente, desencadear múltiplos mecanismos interconectados que lesam as células. As mitocôndrias, membranas celulares, a maquinaria de síntese e empacotamento de proteínas e o DNA do núcleo são os principais componentes afetados pelos estímulos nocivos. Até certo ponto todas as alterações que acontecem às células podem ser reversíveis, mas ultrapassada a capacidade de adaptabilidade é chegado o ponto de irreverssibilidade e a célula lesada não consegue se recuperar e morre. Quando o dano às membranas é acentuado, as enzimas lisossômias escapam para o citoplasma e digerem a célula que perde seu conteúdo resultando em necrose. Em situações em o DNA ou proteínas célulares importantes são lesadas de modo irreparável a célula dispara mecanismos que resultam em apoptose. A apoptose e a necrose são observadas em resposta às mesmas condições.
Figura 1 - Mecanismos bioquímicos da lesão celular
DEPLEÇÃO DE ATP - A ATP é produzida nas células de duas formas, pela fosforilação oxidativa do ADP com redução do oxigênio pelo sistema de tranferência de elétrons nas mitocôndrias e pela via glicolítica na ausência de oxigênio, usando a glicose dos líquidos corporais ou pela hidrólise do glicogênio. As principais causas de depleção de ATP são a redução do suprimento de oxigênio e nutrientes, danos mitocondriais e intoxicação (ex. cianeto). A depleção de ATP e a redução da sua síntese estão geralmente associadas a lesão isquêmica e química. Todos os processos celulares são dependentes de ATP sejam eles sintéticos ou degradativos, assim, os transportes de membrana, sintese de proteínas e lipídios e manutenção da integridade da membrana plasmática são afetados pela sua redução.
- Com a depleção de ATP as bombas de próntos (Na+/K+ ATPase) na membrana plasmática tem a sua atividade prejudicada ocasionando acúmulo de sódio no interior da célula e difusão do potássio para fora, a falha na manutenção do equilíbrio iônico é acompanhado do influxo de cálcio, com efeitos danosos a varios componentes celulares, e água, resultando na tumefação celular, dilatação do reticulo endoplasmático e perca das microvilosidades e formação de bolhas na membrana.
- Com a redução do suprimento de oxigênio a fosforilação oxidativa não acontece e a célula na tentativa de produzir ATP para a manutenção das fontes de energia aumenta a taxa de glicólise anaeróbica, através da glicose proveniente da hidrólise do glicogênio. A glicólise anaeróbica resulta em acúmulo de ácido láctico e fosfatos inorgânicos o que diminui o pH intracelular, o que reduz a atividade de muitas enzimas celulares além de agregação da cromatina na tentativa de manutenção da integridade do material genético.
- A depleção prolongada de ATP causa destruição no aparelho de síntese proteica manifestada pelo desprendimento dos ribossomos do retículo endoplasmático granular (REG) e dissociação do polissomos, com consequente, redução da síntese proteica. Nesta condição também pode ocorrer a produção de proteínas anormalmente dobradas que iniciam uma reação que pode resultar em lesão e morte celular.
DANOS MITOCONDRIAIS - As mitocôndrias são organelas elulares responsáveis pela produção da energia de sustentação da vida na forma de ATP, por essa razão são componentes críticos da lesão e morte celulares. As mitocôndrias são sensíveis a aumento ca concentração de Ca²+ citoplasmatico, espécies reativas de oxigênio (ERO) e privação de oxigênio decorrente de isquemia e ação de toxinas. Além disso, tembém são afetadas por mutações em genes que reaultam em doenças herdadas. Duas são as consequencias principais dos danos mitocondriais.
- A lesão mitocondrial induz a formação de um canal de condutância na membrana mitrocondrial, poro de permeabilidade mitocrondrial, a abertura deste canal leva a perda do potencial de membrana que provoca falha na fosforilação oxidativa, e depleção progressiva de ATP resultando em necrose celular.
- As mitocôndrias possuem proteínas entre as suas membranas internas e externas que ativam vias apoptóticas, incluindo o citocromo c e proteínas que induzem indiretamente aopoptose, caspazes. O aumento da permeabilidade permite o extravasamento destas proteínas para o citosol o que pode resultar em morte por apoptose.
INFLUXO DE CÁLCIO - A concentração de cálcio (Ca²+) livre no meio intracelular é regulada em uma faixa extremamente baixa comparada com o meio extracelular e a sua maior parte encontra-se seuestrada nas mitocôndrias e no retículo endoplasmático. Condições como isquemia e algumas toxinas causam elevação do cálcio citosólico, inicialmente pela liberação do cálcio armazenado no meio intracelular e posteriormente pelo influxo deste através da membrana plasmática.
- O aumento do cálcio no meio intracelular leva a abertura do poro de permeabilidade mitocondrial e com isso a depleção de ATP;
- A elevação do cálcio no meio intracelular leva a ativação de muitas enzimas com efeitos celulares potencialmente lesivos. Entre essas estão fosolipases (danos as membranas) proteases (atuam em proteínas de membrana e citoesqueleto) endonucleases (fragmentação da cromatina com dano ao DNA) e ATPase (intensificando a depleção de ATP).
- Os níveis aumentados do cálcio também induzem apoptose por ativação direta das caspases bem como pelo aumento dapermeabilidade mitocondrial que leva ao extravasamento de proteínas pró-apoptóticas (citocromo c).
Mecanismos interconectados da lesão celular
Embora esses três mecanismos tenham sido descritos separadamente eles ocorrem de modo simultâneo e, interconectados no ambiente celular, participando da cadeia de eventos que pode resultar em necrose e apoptose.
quinta-feira, 22 de março de 2018
Causas da Lesão Celular
As células podem sofrer lesão decorrente de estímulos de diversas naturezas que vão desde impactos mecânicos de uma agressão física a anormalidades internas como em casos de desordens genéticas com disfunção de enzimas essencialmente importantes no metabolismo. A maior parte dos estímulos indutores de lesão são caracterizados a seguir:
- Privação de Oxigênio. A hipoxia, diminuição do suprimento de oxigênio para a célula é uma causa bem comum e importante de lesão celular pro reduzir a fosforilação oxidativa. Pode ser resultante da redução do fluxo sanguíneo (isquemia), como na oclusão de uma vaso;,oxigenação inadequada, devido à insuficiência cardiorrespiratória, e da redução do transporte de oxigênio no sangue, como na anemia, hemorragia ou na intoxicação por monóxido de carbono.
- Agentes Físicos. Lesão mecânicas decorrentes de traumatismos, extremos de temperatura e alterações repentinas na pressão atmosférica, radiação e choque elétricos são exemplos mais comuns desses agentes.
- Agentes Químicos e Drogas. Um grande número de substancias químicas podem causar lesão as células, sejam elas substancias simples essenciais ao metabolismo que quando em concentrações fora das concentrações normais podem causar perturbações as células, poluentes do ar e ambientes, bem como drogas sociais como o álcool e terapêuticas.
- Agentes Infecciosos. Diversos agentes infecciosos são responsáveis por lesão celular por diversos mecanismos, eles podem ser desde vírus a parasitos superiores.
- Reações Imunológicas. Apesar de ter função imprescindível na defesa do organismo o sistema imune pode produzir lesão celular ao próprio organismo seja por meio de uma tentativa de defesa contra agentes externos como micro-organismos infecciosos ou mesmo pelo desencadeamento de respostas autoimunes.
- Defeitos genéticos. Desordens genéticas causam lesão celular em consequência da deficiência de proteínas importantes ao metabolismo, como enzimas responsáveis por reparar o DNA ou mesmo proteínas anormalmente dobradas que quando acumuladas desencadeiam mecanismos apoptóticos.
- Desequilíbrio Nutricionais. São a principal causa de lesão celular, seja por deficiências proteico-calóricas como por excesso de que desencadeiam uma série de condições, como as aterosclerose.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO, N. (ed.) Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
ADAPTAÇÕES DO CRESCIMENTO E DA DIFERENCIAÇÃO CELULAR
As células, em resposta a situações adversas, podem desenvolver algumas características que lhes permitem resistir e continuar a viver mesmo nestas condições. As adaptações celulares podem assumir várias formas distintas, mas em sua maioria estão associadas a alterações no crescimento e diferenciação celulares que descritas abaixo.
- HIPERTROFIA - AUMENTO DO VOLUME CELULAR
É uma forma de adaptação celular que resulta do aumento das células em virtude de sua elevada taxa metabólica, o que leva a aumento do volume e massa total do órgão, ou seja, o órgão não possui novas células, mas células maiores. Alguns órgãos que possuem capacidade de divisão celular, responderem aos estímulos com aumento do número de células (hiperplasia, descrita a seguir), além de aumento do volume das células, mostrando que nestas situações as duas formas de adaptação coexistem.
A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e decorrente do aumento da demanda funcional ou pela estimulação hormonal e/ou de fatores de crescimento, como acontece com o coração e útero na hipertensão e gestação, respectivamente.
O mecanismo de aumento do volume celular é consequente da produção de proteínas celulares induzidas por sensores mecânicos, fatores de crescimento e agonistas. Podendo os sensores serem responsáveis pela indução dos fatores de crescimento, bem como dos agonistas. Esta forma de adaptação pode estar associada ainda, a mudanças da expressão de proteínas da fase adulta pelas que estão presentes apenas no desenvolvimento fetal e/ou neonatal como produtos da reativação de seus respectivos genes.
Apesar de o termo hipertrofia estar associado como o aumento do tamanho e atividade celular, algumas organelas subcelulares podem sofrer hipertrofia seletiva, como é o caso do retículo endoplasmático agranular dos hepatócitos de indivíduos que fazer o uso de barbitúricos ou ingestão de álcool, por exemplo.
Quando a hipertrofia atinge limite no qual o aumento da atividade metabólica é incapaz de compensar a sobrecarga, ocorrem uma série de alterações que podem resultar em lesão celular e, persistindo a condição, evoluir para a morte por necrose ou apoptose.
- HIPERPLASIA - AUMENTO DO NÚMERO DE CÉLULAS
Este tipo de adaptação pode ser, assim como a hipertrofia, patológica ou fisiológica, sendo esta ultima dividida em hormonal, que resulta no aumento da capacidade funcional de um tecido quando necessário e, compensatória, que aumenta a massa do tecido após lesão ou ressecção parcial. Na forma hormonal da hiperplasia, observamos aumento no número de células de um órgão ou tecido frente a estímulos hormonais, como acontece no processo de puberdade e gestação com o tecido mamário. Também podemos observar esta condição com o endométrio durante a fase folicular do ciclo menstrual.
Já a forma compensatória está intimamente relacionada com a regeneração de um órgão ou tecido após lesão ou excisão parcial, como ocorre em cicatrizações e no transplante do lobo hepático, respectivamente.
Em condições patológicas há um desequilíbrio no controle hormonal, com excesso de hormônios e/ou fatores de crescimento e assim, estimulação exacerbada de células alvo em tecidos ou órgãos que respondem com aumento da proliferação celular. Exemplo desta condição é o que acontece com a próstata, que aumenta o seu tamanho devido a estimulação androgênica em uma condição denominada hiperplasia prostática benigna.
Com a eliminação do estímulo indutor da hiperplasia a condição é normalizada, sendo está uma importante diferença entre a hiperplasia e a neoplasia (crescimento celular desordenado), porém vale salientar que, a hiperplasia é um solo fértil para o desenvolvimento de neoplasias.
A hiperplasia pode ainda ser parte da resposta característica de algumas infecções virais, como o vírus do papiloma humano (HPV).
- ATROFIA - DIMINUIÇÃO DO VOLUME E NÚMERO DE CÉLULAS
Já a atrofia patológica pode ser local ou generalizada e está intimamente associada a causa de básica que pode ser:
- Redução da carga de trabalho - atrofia do desuso: a redução inicial é reversível quando a atividade é reiniciada, porém se o desuso é prolongado pode haver apoptose e com isso diminuição do numero de células do tecido ou órgão.
- Perda de inervação - atrofia por desnervação: o metabolismo e a função dos músculos são dependentes da ação dos nervos, com a lesão dos nervos leva a atrofia das fibras dependentes destes.
- Diminuição do suprimento sanguíneo: a redução do fluxo sanguíneo decorrente de doença oclusiva causa a redução da distribuição de nutrientes e assim leva a atrofia do tecido.
- Nutrição inadequada: desnutrição proteico-calórica profunda (marasmo) está associada com o uso das fibras fibras musculares como fonte de energia, após o esgotamento de outras fontes, o que pode levar a caquexia. Indivíduos com doenças crônicas como câncer podem desenvolver caquexia devido a elevada produção de TNF-ɑ (Fator de Necrose Tumoral - alfa) que produz perda de apetite e depleção lipídica.
- Perda de estimulação endócrina: a ausência de hormônios pode levar atrofia de órgão ou tecidos dependentes, como o endométrio atrofiado de mulheres após a menopausa.
- Pressão: a compressão tecidual por qualquer período de tempo pode levar a atrofia, mas os mecanismos estão associados a isquemia.
Em muitas situações a atrofia está associada a autofagia, processo no qual as células, em tentativa de sobrevivência, digerem seus componentes ao formar vacúolos com os lisossomos. Alguns restos celulares não são completamente digeridos pelos lisossomos e formam corpúsculos residuais, como os grânulos de lipofuscina que conferem descoloração castanha ao tecido (autofagia parda).
- METAPLASIA - ALTERAÇÃO DO TIPO CELULAR
Miosite ossificante é um bom exemplo de metaplasia de tecido conjuntivo que forma osso, cartilagem e tecido adiposo em locais onde eles não deveriam estar presentes.
A transformação metaplásica é resultado da reprogramação de células tronco existentes nos tecidos ou de células mesenquimais indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. Está mudança é desencadeada por citocinas, fatores de crescimento e alguns componestes da matriz extra celular.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO,
N. (ed.) Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8ª ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2010.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
RESPOSTAS CELULARES ÀS ADVERSIDADES - VISÃO GERAL
A célula, menor unidade funcional dos organismos vivos, vive sobre o rigoroso controle fisiológico denominado homeostasia. Em algumas circunstâncias devido estresses fisiológicos excessivos ou estímulos patológicos a hemostasia é comprometida e a célula sofre alterações que podem ser desde adaptações à lesões reversíveis ou irreversíveis.
As adaptações ocorrem quando as células conseguem em novos estados, mesmo alterados, continuar funcionando. As respostas adaptativas pode ser: aumento do tamanho e da atividade funcional da célula (hipertrofia), aumento do número de células (hiperplasia), diminuição do volume e atividade metabólica das células (atrofia) ou mudança no fenótipo celular (metaplasia).
Quando a capacidade de adaptação celular é ultrapassada ou se as células forem expostas a agentes lesivos ou estresse, privadas de nutrientes indispensáveis, sofrerem mutações que comprometam seus constituintes essenciais, elas passam por uma cascata de eventos que resultam em lesão celular. A lesão celular é reversível, quando o estimulo nocivo é eliminado antes de perdida a capacidade de regeneração da célula, mas se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, a célula sofre lesão irreversível e, finalmente, morte celular. Adaptação, lesão reversível e morte celular podem ser sequencia de eventos resultantes da exposição progressiva ao estimulo nocivo.
As adaptações ocorrem quando as células conseguem em novos estados, mesmo alterados, continuar funcionando. As respostas adaptativas pode ser: aumento do tamanho e da atividade funcional da célula (hipertrofia), aumento do número de células (hiperplasia), diminuição do volume e atividade metabólica das células (atrofia) ou mudança no fenótipo celular (metaplasia).
Quando a capacidade de adaptação celular é ultrapassada ou se as células forem expostas a agentes lesivos ou estresse, privadas de nutrientes indispensáveis, sofrerem mutações que comprometam seus constituintes essenciais, elas passam por uma cascata de eventos que resultam em lesão celular. A lesão celular é reversível, quando o estimulo nocivo é eliminado antes de perdida a capacidade de regeneração da célula, mas se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, a célula sofre lesão irreversível e, finalmente, morte celular. Adaptação, lesão reversível e morte celular podem ser sequencia de eventos resultantes da exposição progressiva ao estimulo nocivo.
A morte celular, resultado final da lesão celular contínua, é consequência de diversas situações como isquemia (privação de oxigenação), infecções e toxinas. As duas principais vias de morte celular são a necrose e apoptose. Existe também um terceiro mecanismo de morte celular resultante da adaptação celular frente a privação de nutrientes importantes chamada de autofagia.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO, N. (ed.) Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
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