A lesão celular induzida por radicais livres, sobretudo, as espécies reativas de oxigênio, é uma importante mecanismo de dano celular em diversas condições patológicas. Esses compostos são assim reconhecidos por possuirem um único elétron na sua camada de valência o que os torna extremamente instáveis permitindo reagir com moléculas adjacentes, como substâncias orgânicas que possuem papel fundamental na função celular - proteínas, lipídios, carboidratos, ácidos nucleicos - tornado estas também instáveis, desencadeando uma reação autocatalítica (figura 1), através da qual moléculas que reagem com eles são convertidas em radicais livres, propagando a cadeia de danos.
Figura 1 - reação autocatalítica desencadeada pelos radicais livres
As espécies reativas de oxigênio (figura 2) são formados fisiológicamente como produto da respiração celular incompleta (fosforilação oxidativa), mas também são gerados apartir da absorção de energia radiante (radiação ionizante), são produzidos por leucócitos dutante processos de inflamação, são também originados por metais de transição em reações intracelulares. Após a sua produção os radicais livres são rapidamente degradados e removidos graças aos sistemas celulares protetores (figura 3).
Figura 2 - Espécies reativas de oxigênio - radicais livres
O mecanismo pelo qual as células removem os radicais livres são conhecidos como antioxidantes, formados por múltiplos mecanismos enzimáticos que atuam de varias formas para eliminar os esses radicais e assim mimetizar a lesão. Atuam nesse complexo 3 enzimas principais, a SOD superóxido desmutase (enzima presente na mitocoôndria e no citosol) que usa o Manganês, Cobre e Zinco como co-fatores, Catalase presente nos peroxissomos e a glutationa peroxidase e resutase que usa o selênio como co-fator enzimático e, dependem da vitamina B2 e da cisteína para o seu bom funcionamento. Também estão incluidas no mecanismo antioxidante outras substâncias como vitaminas lipossolúveis A e E, bem como o ácido ascórbico.
Figura 3 - Enzimas envolvidas na remoção de ERO
Quando a produção de ERO aumenta ou os sistemas de remoção são ineficientes o resultado é o acúmulo destes radicais que resultam em estresse oxidativo, uma condição que desencadeia amplos efeitos nocivos às células e sempre está acompanhada de reação inflamatória. Os efeitos patológicos incluem.
- PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA DAS MEMBRANA. Os radicais livres causam peroxidação dos lipídios na presença de oxigênio, atuam atacando as ligações duplas dos ácidos graxos dos lipídios de membrana gerando peróxidos instáveis que desencadeiam uma reação em cadeia propagando o dano.
- MODIFICAÇÃO OXIDATIVA DE PROTEÍNAS. Promovem oxidação das cadeias laterais dos aminoácios, formação de ligações cruzadas entre proteínas e oxidação do esqueleto da proteínas. A modificação pode inativar enzimas importantes, romper a conformação de proteínas estruturais estimulando ou intensificando a destruição celular.
- FRAGMENTAÇÃO DO DNA. Radicais livres provocam destruição dos filamentos únicos e duplos do DNA e a formação de complexos de adição que estão associados ao envelhecimento celular e a tranformação maligna da célula.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO,
N. (ed.) Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8ª ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2010.